segunda-feira, 17 de maio de 2010

Domingo da Ascenção do Senhor, Ano C

Por indisponibilidade, não conseguimos ter a Homilia do Pe. Antoine Coelho, LC este Domingo atempadamente.

Pedimos desculpa a todos os nossos amigos por este inconveniente.

LEITURA I Actos 1, 1-11


«Elevou-Se à vista deles»
Leitura dos Actos dos Apóstolos
No meu primeiro livro, ó Teófilo,
narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar,
até ao dia em que foi elevado ao Céu,
depois de ter dado, pelo Espírito Santo,
as suas instruções aos Apóstolos que escolhera.
Foi também a eles que, depois da sua paixão,
Se apresentou vivo com muitas provas,
aparecendo-lhes durante quarenta dias
e falando-lhes do reino de Deus.
Um dia em que estava com eles à mesa,
mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém,
mas que esperassem a promessa do Pai,
«do Qual __ disse Ele __ Me ouvistes falar.
Na verdade, João baptizou com água;
vós, porém, sereis baptizados no Espírito Santo,
dentro de poucos dias».
Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar:
«Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?»
Ele respondeu-lhes:
«Não vos compete saber os tempos ou os momentos
que o Pai determinou com a sua autoridade;
mas recebereis a força do Espírito Santo,
que descerá sobre vós,
e sereis minhas testemunhas
em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria
e até aos confins da terra».
Dito isto, elevou-Se à vista deles
e uma nuvem escondeu-O a seus olhos.
E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava,
apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco,
que disseram:
«Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?
Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu,
virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».
Palavra do Senhor.


LEITURA II Ef 1, 17-23


«Colocou-O à sua direita nos Céus»

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos:
O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
vos conceda um espírito de sabedoria e de luz
para O conhecerdes plenamente
e ilumine os olhos do vosso coração,
para compreenderdes a esperança a que fostes chamados,
os tesouros de glória que encerra a sua herança entre os santos
e a incomensurável grandeza que representa o seu poder
para nós os crentes.
Assim o mostra a eficácia da poderosa força
que exerceu em Cristo,
que Ele ressuscitou dos mortos
e colocou à sua direita nos Céus,
acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania,
acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo,
mas também no mundo que há-de vir.
Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas
como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo,
a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.
Palavra do Senhor.


EVANGELHO Lc 24, 46-53


«Enquanto os abençoava, foi elevado ao Céu»

Conclusão do santo Evangelho segundo São Lucas
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Está escrito que o Messias havia de sofrer
e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia
e que havia de ser pregado em seu nome
o arrependimento e o perdão dos pecados
a todas as nações, começando por Jerusalém.
Vós sois testemunhas disso.
Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai.
Por isso, permanecei na cidade,
até que sejais revestidos com a força do alto».
Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia
e, erguendo as mãos, abençoou-os.
Enquanto os abençoava,
afastou-Se deles e foi elevado ao Céu.
Eles prostraram-se diante de Jesus,
e depois voltaram para Jerusalém com grande alegria.
E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.
Palavra da salvação.

Homilia do Pe. Antoine Coelho, LC

Caros amigos:


Felicitações pela visita do Papa a Portugal!! Deus quer muito de Portugal e por isso enviou o seu máximo representante. Deixo-lhes a homilia para o Domingo da Ascensão.

Um abraço em Cristo, Pe. Antoine, LC


No próximo domingo festejamos a Ascensão do Senhor, a qual representa o último acto da vida terrena de Cristo e das aparições. Agora, o Senhor somente aparecerá de forma pública no fim dos tempos.

No Evangelho de Lucas, apresenta-se este episódio com um pequeno resumo que faz Jesus Cristo dos acontecimentos mais significativos de sua vida e da nova época, que com Ele começa: “está escrito que o Mesías havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações. Vós sois testemunhas disso”.

“Está escrito”, com efeito, tudo isso. A última frase de Cristo aos apóstolos começa com esta constatação de grande importância: “está escrito”. E, de facto, para quem sabe ler o Antigo Testamento aí encontram-se estes elementos. A vida de Cristo foi toda ela um seguimento do plano traçado pelo Pai. Nada houve fora deste plano. “Tudo está cumprido”, dirá Ele também na cruz, como última frase antes da morte.

Cristo pode subir aos céus, como sinal evidentíssimo do seu triunfo, porque Ele viveu tudo o que estava escrito. Tinha feito da Vontade do Pai o seu alimento. O que se aplica a Ele, aplica-se a nós. Para nós, também, está escrito na mente de Deus o que deveria ser o nosso recorrido nesta vida.

Não deixemos que outras vozes nos desviem desta verdade básica. Deus não nos fez sem um propósito. Deus não faz nada sem um propósito. Na verdade, só existe uma única definição para a expressão “realização pessoal”: o cumprimento deste propósito divino. Existem elementos de realização pessoal na vida: o amor, a amizade, o ser útil aos outros, a presença de certos bens materiais, etc., mas estes elementos só adquirem o seu valor quando inseridos no cumprimento do plano divino para nós. O nosso problema é que, para nós, muitas vezes, realizar-se significar realizar os próprios planos.

Mas, na verdade, hoje em dia estamos já um pouco cansados de seguir os nossos próprios caminhos. Olho pela janela e não vejo pessoas realizadas na rua, ao menos aqui na Europa. Quisemos construir o nosso próprio paraíso terrestre, com as nossas próprias forças humanas...e não chegamos muito longe. Chegámos ao cansaço, ao tédio, mas pior ainda, a uma situação da qual ninguém sabe como sair. Hoje em dia quase ninguém acredita em soluções políticas, económicas, sociais...

Chegou o momento de voltar aos caminhos de Deus, depois de séculos de progressivo afastamento da fé, aqui no continente europeu. A este propósito, quero referir uma visão que me contou um amigo vidente de Nossa Senhora. Ele conta um dia ter visto espiritualmente o mapa de Portugal. Neste mapa apareciam pontos luminosos que se iam tornando cada vez mais intensos, até que, de repente, a luz que brotava deles encheu todo o mapa. Independentemente do juizo sobre a autenticidade de suas aparições, que certamente a mim não me compete dar, acho isso muito sugestivo.

A volta aos caminhos de Deus começa sempre a partir de núcleos convencidos, de grupos de pessoas que já definitivamente escolheram não mais viver para si mesmas e vivem uma vida de oração, que ocupa já não uma serie de momentos pré-establecidos. Mas, como recomenda são Paulo, e como o próprio são Paulo fazia, estas pessoas elevam “dia e noite” orações ao Senhor. É importante ter isso bem presente, pois às vezes podemos ter a impressão que as nossas orações não são muito eficazes ou então que são de eficácia limitada: para tal o qual pessoa da minha família, para conseguir tal ou qual coisa. Mas o que podem elas contra um mundo já tão secularizado? Contra toda uma economia, uma política, uma cultura, onde a questão de Deus passou a ser um tabu?

Sim, rezamos durante a Missa pelos governantes, por aqueles que têm mais influência na sociedade, mas talvez não sempre com esta fé, com este fogo, de quem sabe que vai ser ouvido. Dizemos na Missa “ouvi-nos, Senhor”, e pensamos que a nossa oração poderá ter alguma influência na política. Mas realmente continuamos a acreditar que, unida a muitos outros que rezam, ela pode ser decisiva?


Pois o Evangelho ensina-nos precisamente que por maiores que sejam as nossas petições elas são ouvidas. Quando há fé. Ou não é precisamente isso que Cristo quer significar quando diz que a fé transportará as montanhas? Ou quando no Evangelho de são Lucas lemos que Deus com certeza ouvirá as preces de quem lhe grita dia e noite. No Evangelho deste domingo, Cristo pede aos discípulos que permaneçam na cidade até serem resvestidos com a força do alto. São precisamente as últimas palavras de Cristo antes da Ascensão, como uma especie de testamento perene para todo aquele que quiser evangelizar seriamente.
 
E sabemos o que aconteceu. Rezaram os apóstolos com grande intensidade durante mais de dez dias. Praticamente dedicaram-se a isso nestes dez dias. E o fogo desceu do Céu: o Espírito Santo que lhes varreu o medo de falar, o medo de morrer por Cristo e lhes abria a porta dos corações dos homens. Não existe outro caminho de evangelização e de transformação do nosso mundo. Deus tem de vir, e virá certamente, se o chamarmos. Não importa que sejamos muitos ou poucos. Importa ter fé. E Ele abrirá as portas, segundo os caminhos d’Ele. Assim, os nossos apostolados não brotarão de decisões simplesmente humanas que não têm muito futuro. Mas de Deus. Serviremos os seus objetivos e não as nossas curtas visões ou as nossas preferências pessoais.
 
Tudo isso evidentemente implica desprendimento pessoal. Como Cristo. Ele teve de morrer e desceu até aos abismos da morte. Mas neste domingo festejamos o movimento oposto. Aquele que aceitou morrer, seguindo não os seus caminhos, mas o que “está escrito”, subiu ao mais alto, levando consigo a humanidade até ao trono de Deus! A nossa carne humana, em Cristo, está inserida no coração mesmo de Deus. Como tudo isso tem de encher-nos de confiança. Impossível duvidar, nestas condições, que Deus nos ama infinitamente! Estou persuadido que não deixará de ouvir as nossas vozes e de sugerir-nos os melhores caminhos. Estou persuadido, até, que só está à espera que nos reunamos e lhe supliquemos a sua ajuda e sua luz para entender o que quer de nós. Com força, com convicção, com fé, pois nada é impossível para Ele.

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