«Vou trazer de novo o cego e o coxo entre lágrimas e preces»
Leitura do Livro de Jeremias
Eis o que diz o Senhor:«Soltai brados de alegria por causa de Jacob,enaltecei a primeira das nações.Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai:‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’.Vou trazê-los das terras do Nortee reuni-los dos confins do mundo.Entre eles vêm o cego e o coxo,a mulher que vai ser mãe e a que já deu à luz.É uma grande multidão que regressa.Eles partiram com lágrimas nos olhose Eu vou trazê-los no meio de consolações.Levá-los-ei às águas correntes,por caminho plano em que não tropecem.Porque Eu sou um Pai para Israele Efraim é o meu primogénito».
Palavra do Senhor.
Eis o que diz o Senhor:«Soltai brados de alegria por causa de Jacob,enaltecei a primeira das nações.Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai:‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’.Vou trazê-los das terras do Nortee reuni-los dos confins do mundo.Entre eles vêm o cego e o coxo,a mulher que vai ser mãe e a que já deu à luz.É uma grande multidão que regressa.Eles partiram com lágrimas nos olhose Eu vou trazê-los no meio de consolações.Levá-los-ei às águas correntes,por caminho plano em que não tropecem.Porque Eu sou um Pai para Israele Efraim é o meu primogénito».
Palavra do Senhor.
«Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec»
Leitura da Epístola aos Hebreus
Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens,é constituído em favor dos homens,nas suas relações com Deus,para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.Ele pode ser compreensivopara com os ignorantes e os transviados,porque também ele está revestido de fraqueza;e, por isso, deve oferecer sacrifíciospelos próprios pecados e pelos do seu povo.Ninguém atribui a si próprio esta honra,senão quem foi chamado por Deus, como Aarão.Assim também, não foi Cristo que tomou para Si a glóriade Se tornar sumo sacerdote;deu-Lha Aquele que Lhe disse:«Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei»,e como disse ainda noutro lugar:«Tu és sacerdote para sempre,segundo a ordem de Melquisedec».
Palavra do Senhor.
Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens,é constituído em favor dos homens,nas suas relações com Deus,para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.Ele pode ser compreensivopara com os ignorantes e os transviados,porque também ele está revestido de fraqueza;e, por isso, deve oferecer sacrifíciospelos próprios pecados e pelos do seu povo.Ninguém atribui a si próprio esta honra,senão quem foi chamado por Deus, como Aarão.Assim também, não foi Cristo que tomou para Si a glóriade Se tornar sumo sacerdote;deu-Lha Aquele que Lhe disse:«Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei»,e como disse ainda noutro lugar:«Tu és sacerdote para sempre,segundo a ordem de Melquisedec».
Palavra do Senhor.
EVANGELHO Mc 10, 46-52
«Mestre, que eu veja»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,quando Jesus ia a sair de Jericócom os discípulos e uma grande multidão,estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu,a pedir esmola à beira do caminho.Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava,começou a gritar:«Jesus, Filho de David, tem piedade de mim».Muitos repreendiam-no para que se calasse.Mas ele gritava cada vez mais:«Filho de David, tem piedade de mim».Jesus parou e disse: «Chamai-o».Chamaram então o cego e disseram-lhe:«Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te».O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus.Jesus perguntou-lhe:«Que queres que Eu te faça?»O cego respondeu-Lhe:«Mestre, que eu veja».Jesus disse-lhe:«Vai: a tua fé te salvou».Logo ele recuperou a vistae seguiu Jesus pelo caminho.
Palavra da salvação.
Naquele tempo,quando Jesus ia a sair de Jericócom os discípulos e uma grande multidão,estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu,a pedir esmola à beira do caminho.Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava,começou a gritar:«Jesus, Filho de David, tem piedade de mim».Muitos repreendiam-no para que se calasse.Mas ele gritava cada vez mais:«Filho de David, tem piedade de mim».Jesus parou e disse: «Chamai-o».Chamaram então o cego e disseram-lhe:«Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te».O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus.Jesus perguntou-lhe:«Que queres que Eu te faça?»O cego respondeu-Lhe:«Mestre, que eu veja».Jesus disse-lhe:«Vai: a tua fé te salvou».Logo ele recuperou a vistae seguiu Jesus pelo caminho.
Palavra da salvação.
Homilia do Pe Antoine Coelho, LC
O evangelho deste domingo é rico de ensinamentos. Tudo gira ao redor da cura do cego Bartimeu. Podemos considerar esta personagem a partir de dois pontos de vista. Um, exterior, físico, e o outro interior e muito mais importante. Recuperar a vista exterior foi para este cego a ocasião para manifestar a Cristo a “vista interior”, ou seja, a sua fé. Mas vejamos tudo isso entremos na dinâmica desta passagem que é muito interessante.
Isso explica os seus gritos ardentes quando ouve que Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos. Grita porque tem fome de uma vida melhor e não há quem o cale. «Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: “Filho de David, tem piedade de mim”».
Como é dura para o nosso orgulho esta frase: “Filho de David, tem piedade de mim”! Gostaríamos de nunca ter necessidade de pronunciá-la, de ser auto-suficientes, de ser fortes, ao menos o quanto basta para não ter que suplicar nada a ninguém. Mas como é salutar, esta frase. Recordemos São Paulo na 2ª carta aos Coríntios: “Continuarei a glorificar-me sobre todo nas minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo […] pois quando sou fraco então é quando sou forte”.
O homem forte não é o homem potente, não é o que pode fazer sentir o seu jugo sobre os outros, dominá-los através da sua posição ou qualidades. Nem é forte quem pensa não precisar de ninguém, incluído Deus. Este é sobre tudo um homem profundamente só e carente. Quem se converteu e passou a gozar da companhia constante de Deus na alma, de repente dá-se conta do quanto vivia só antes, embora talvez tivesse muitos amigos. A solidão radical só desaparece com Deus, porque só Ele pode morar connosco nas últimas profundezas da nossa alma. Assim como a força só vem realmente com ele. Como dizíamos, não se trata da força de carácter e muito menos da muscular, mas desse dinamismo que nasce no centro de nós mesmos e nos torna capazes de crer, de esperar e de amar apesar de tudo.
É forte quem tem Deus, efectivamente, mas como nunca o temos totalmente nesta vida, é forte quem sabe que precisa dele. Ora o nosso Bartimeu que necessitava constantemente da ajuda dos outros e cuja voz certamente não devia contar muito, possuía, no entanto, esta secreta força interior: saber que precisava de Deus e querer realmente encontrá-lo. E isso não era pouco. Inclusive, diria que se trata das atitudes mais fundamentais da vida, sem as quais tudo o que se constrói é muito precário.
É interessante também notar que quanto mais o repreendiam e pediam que se calasse mais gritava Bartimeu. Quem sabe que necessita algo absolutamente, sabe o que quer e o quer com força. Por isso, não se desanima facilmente. Antes pelo contrário, as dificuldades tornam mais ardente o seu desejo.
Certa vez uma enfermeira comentou-me que depois da morte do seu pai com cancro, cresceu a sua fé. Tinha doze anos naquela altura e marcou-lhe muito a fé e a serenidade com que o pai aceitou esta cruz até ao fim. Curiosamente, o seu irmão gémeo, reagiu de forma completamente diversa e perdeu a fé. O raciocínio de cada um deles foi absolutamente oposto ao do outro. Um pensou: “ se o meu pai morre assim, Deus não pode ser bom”. Mas a conclusão a que chegou a enfermeira foi que se realmente Deus não existia, então a vida seria cruel e injusta, pouco digna de ser vivida, pois o pai merecia um prémio por tanta heroicidade. Além de que todo o amor com que a tratara a ela e ao seu irmão não podia ter sido em vão. Algum dia em Deus encontrar-se-iam de novo.
Quem ama o amor, não pode desistir dele, seria como desistir da vida. Ou melhor: é realmente desistir da vida. O amor é demasiado belo para poder passar. Quem está convencido disso, por nada no mundo desistirá de o encontrar e o facto de o mundo nos decepcionar, porque sempre decepciona, é um motivo suplementar para buscar este amor na sua fonte infinita, em Deus, aí onde é pura luz e não conhece sombras.
Finalmente Bartimeu chega à presença de Jesus. Tanto gritou que Jesus o escutou. Na verdade, Deus sempre nos escuta, mas não sempre mostra ter ouvido ou talvez não sempre responde do jeito que gostaríamos. O que é certo é que Ele sabe como e quando deve responder de modo a levar-nos da melhor forma pelo caminho do amor. “Deus não se ocupa das nossas pequenas coisas!”, disse-me certa vez um senhor. Acho que ele se ocupa tão bem das nossas coisas que por isso às vezes parece que dorme na barca quando ruge a tempestade sobre as águas. Necessitamos as provas para crescer. Assim, Cristo deixou Bartimeu gritar um tempo, para que crescesse no seu coração o desejo e com ele a chama do amor. E esse desejo efectivamente aumentava na proporção em que a gritaria subia de volume.
”Que queres que Eu te faça?”, pergunta o Senhor. A resposta não se faz esperar: “Mestre que eu veja”. Na verdade este cego já vê e melhor que muitos, talvez. Vê com os olhos interiores da fé, que percebem o divino no meio da escuridão deste mundo. Claro, não podemos ver Deus face a face nesta vida, mas não por isso não o podemos ver de algum modo misterioso, que nos deixa sempre livres para rejeitar o Senhor. Isso é a fé. Grande dom de Deus! O maior depois da vida e do amor, mas tão ligado ao amor divino que este não se derrama nos nossos corações sem a fé. Mas a fé é ao mesmo tempo uma resposta do homem a Deus. Deus pode dá-la e fazê-la frutificar maravilhosamente segundo a disponibilidade interior de cada um. Seremos disponíveis se nos soubermos cegos, também nós, se admitirmos as nossas fraquezas e limitações e que ao menos nas limitações mais profundas, pouco podemos fazer para nos curarmos. Mas Deus está aqui, perto de nós. “Coragem!”, disseram a Bartimeu. “O Senhor chama-te”. Coragem, amigos! Deus nos chama cada dia a estar mais perto da sua chama de amor. Apresentemo-nos como somos: cegos, egoístas, talvez, em todo o caso pequenos. E peçamos com fé, sem medo, ser um pouco mais como esse Deus que nos salvou. Quem pensar que tem algo que perder, é porque não conhece o nosso Deus!